segunda-feira, 23 de outubro de 2017

A teoria do relativismo cultural

 
“Assim, o relativismo cultural é a ideia de que todas ações são corretas ou incorretas consoante são consideradas corretas ou incorretas numa dada cultura. A negação disto é a ideia de que nem todas as ações são corretas ou incorretas em função do que as pessoas pensam. O relativista nunca vê diferença entre considerar-se numa dada cultura que algo é moralmente correto e algo ser moralmente correto, ao passo que o seu opositor defende que pelo menos em alguns casos existe tal diferença.
O relativista moral tem de defender que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pelas Nações Unidas no dia 10 de Dezembro de 1948, não exprime princípios éticos universais em qualquer sentido robusto do termo. Apesar de esta declaração ter sido aprovada por unanimidade nas Nações Unidas (com a abstenção de alguns países, como a União Soviética, a Polónia e a África do Sul), o relativista cultural terá de defender que a violação de qualquer dos direitos consagrados na Declaração é eticamente permissível desde que seja permissível numa dada cultura. Assim, se numa dada cultura se considera que é correto discriminar as pessoas com base na origem étnica ou no sexo, violando o artigo segundo da Declaração, o relativista tem de aceitar que nessa cultura é correto fazer tal coisa e que a Declaração se limita a exprimir uma convicção diferente.”
Desidério Murcho, Crítica (revista de Filosofia online).

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